Revista Plural & Singular · Número 13/2015
Texto: Paula Fernandes Teixeira
Fotos: Rita Taborda - Federação Portuguesa Desporto para Deficientes
Texto: Paula Fernandes Teixeira
Fotos: Rita Taborda - Federação Portuguesa Desporto para Deficientes
"O tatami do Clube de Judo do Porto tem judo para TODOS! Com 50 anos de existência esta coletividade portuense leva ao tapete crianças, jovens, judocas com de ciência e atletas mais ou menos experientes sempre com a convicção de que esta é uma modalidade inclusiva que preserva as raízes e pensamentos de uma arte marcial japonesa que também é desporto olímpico ou simples descomprometido exercício físico regular,…"
"O Clube de Judo do Porto (CJP) celebrou em abril meio século de história. São 50 anos a promover a prática de judo entre homens e mulheres, novos e velhos e pessoas com ou sem de ciência e sempre no coração da cidade Invicta.
O Mestre João Fernandes, cego total, e Tânia Sousa, com apenas 33% de visão, são dois dos judocas da ‘Seleção’ CJP que rejeitam ter um “tratamento especial” por terem de ciência visual. Ambos lembram que o judo é um des- porto “muito sensorial”, logo os judocas cegos ou com baixa visão até estão em vantagem nesse aspeto.
Mas existe alguma diferença? A “pega” – explicaram à Plural&Singular. Resumindo: começam agarrados de modo a terem um ponto de referência, um ponto de contacto.
“É possível integrar uma aula normal. A única diferença é essa, a pega. Depois da pega não existem diferenças técnicas. Quando há separação, quem está em combate com um cego aproxima-se para continuar a lutar. Se du- rante o combate começarem a sair do tapete, quem está a lutar com o cego avisa. Nada mais. É necessário perce- ber, intuir a forma como o judoca se desloca, daí que em relação aos cegos, este seja um desporto completamente inteligível”, descreveu o Mestre João Fernandes.
O CJP tem vários tatamis espalhados por espaços da cidade, colaborando em projetos de inclusão social e mesmo ligados à de ciência intelectual. Segundo João Fernandes, que já era judoca antes de perder a visão aos 25 anos, por exemplo em relação à paralisia cerebral o judo também tem vantagens porque desenvolve a coor- denação motora.
Uma forma de relaxar...
Tânia Sousa resume a sua paixão pelo judo ao facto de no tapete conseguir “descontrair como em nenhum ou- tro lugar”. A mesma opinião tem João Fernandes: “Acho que é algo comum a todos... O judo sempre foi uma maneira de relaxar e de descomprimir da vida lá fora. Entramos no tapete e varre-se tudo... Os problemas, as chatices, o emprego... Fica tudo lá fora durante uma hora e meia ou duas horas de treino”.
O judo também ajuda na orientação, na coordenação e na mobilidade, apontaram.
Entre a de ciência visual e a intelectual, o CJP tem 26 atletas. No total são 120 judocas.
Outro aspeto realçado pelos praticantes e dirigentes do CJP é que esta modalidade “tem menos lesões do que desportos como o futebol ou o andebol”, entre outras. Aos 50 anos, o CJP aponta como meta futura levar o judo o mais longe possível, a mais espaços, a mais pes- soas, a TODOS.
“Queremos continuar a aposta nas aulas dedicadas às crianças. Queremos continuar a fazer do judo uma mo- dalidade de inclusão. Queremos aumentar o número de praticantes e sócios do clube”, apontou um dos dirigentes do CJP Belmiro Xavier que sublinhou a independência do clube face a qualquer subsidiodependência.
Não sair da baixa do Porto, preservando a vontade e a memória dos fundadores do CJP, apesar…
O Mestre João Fernandes, cego total, e Tânia Sousa, com apenas 33% de visão, são dois dos judocas da ‘Seleção’ CJP que rejeitam ter um “tratamento especial” por terem de ciência visual. Ambos lembram que o judo é um des- porto “muito sensorial”, logo os judocas cegos ou com baixa visão até estão em vantagem nesse aspeto.
Mas existe alguma diferença? A “pega” – explicaram à Plural&Singular. Resumindo: começam agarrados de modo a terem um ponto de referência, um ponto de contacto.
“É possível integrar uma aula normal. A única diferença é essa, a pega. Depois da pega não existem diferenças técnicas. Quando há separação, quem está em combate com um cego aproxima-se para continuar a lutar. Se du- rante o combate começarem a sair do tapete, quem está a lutar com o cego avisa. Nada mais. É necessário perce- ber, intuir a forma como o judoca se desloca, daí que em relação aos cegos, este seja um desporto completamente inteligível”, descreveu o Mestre João Fernandes.
O CJP tem vários tatamis espalhados por espaços da cidade, colaborando em projetos de inclusão social e mesmo ligados à de ciência intelectual. Segundo João Fernandes, que já era judoca antes de perder a visão aos 25 anos, por exemplo em relação à paralisia cerebral o judo também tem vantagens porque desenvolve a coor- denação motora.
Uma forma de relaxar...
Tânia Sousa resume a sua paixão pelo judo ao facto de no tapete conseguir “descontrair como em nenhum ou- tro lugar”. A mesma opinião tem João Fernandes: “Acho que é algo comum a todos... O judo sempre foi uma maneira de relaxar e de descomprimir da vida lá fora. Entramos no tapete e varre-se tudo... Os problemas, as chatices, o emprego... Fica tudo lá fora durante uma hora e meia ou duas horas de treino”.
O judo também ajuda na orientação, na coordenação e na mobilidade, apontaram.
Entre a de ciência visual e a intelectual, o CJP tem 26 atletas. No total são 120 judocas.
Outro aspeto realçado pelos praticantes e dirigentes do CJP é que esta modalidade “tem menos lesões do que desportos como o futebol ou o andebol”, entre outras. Aos 50 anos, o CJP aponta como meta futura levar o judo o mais longe possível, a mais espaços, a mais pes- soas, a TODOS.
“Queremos continuar a aposta nas aulas dedicadas às crianças. Queremos continuar a fazer do judo uma mo- dalidade de inclusão. Queremos aumentar o número de praticantes e sócios do clube”, apontou um dos dirigentes do CJP Belmiro Xavier que sublinhou a independência do clube face a qualquer subsidiodependência.
Não sair da baixa do Porto, preservando a vontade e a memória dos fundadores do CJP, apesar…